Rio de Janeiro, 29 de abril de 2008
Querida Cambaúba (aprendemos com você, na segunda série, que é assim que devemos começar uma carta dirigida a alguém com certa intimidade)
Aula de biologia. Amigas inseparáveis desde o Jardim 3, estamos sentadas juntas, como quase todos os dias. Olhamos uma para a outra, entediadas. Entre lipídios, dissacarídeos e outros nomes complicados, nossas cabeças rodam. E parece que combinamos, quando descobrimos que o alvo de nossos pensamentos é o mesmo: nostalgia.
De repente, voltamos ao passado e nos damos conta de quanto tempo estudamos nessa escola. Na verdade, creio que já nem sabemos mais como são nossas vidas sem você. Passamos boa parte de nossas vidas aqui. Começamos a rir quando lembramos de quando éramos do ardim 2 e não gostávamos uma da outra e, de como, de repente, mudamos da água para o vinho e nos tornamos “melhores-amigas-que-não-se-separam-nem-por-decreto”.
Lembramos de amizades que fomos fazendo ao longo dos anos com pessoas especiais que sempre vão estar em nossos corações. Graças a você, pudemos conhecê-las, descobrir pontos em comum conosco e fazer delas parte de nós e de nossas histórias. Foram tantos recreios juntos, tantas confidências, tantas palhaçadas, tantas brigas que só nos fizeram crescer e nos unir cada vez mais. Pensar em anos tão felizes quase faz lágrimas caírem de nossos olhos...
Você é muito mais do que um lugar onde nos ensinam física, matemática e biologia... É um lugar onde nos ensinam os verdadeiros valores da vida E é por isso que é tão fácil criar vínculos afetivos com as pessoas daqui.
Enfim, caindo em lugar-comum, podemos dizer que você é nossa segunda casa e nos orgulhamos disso. Cada pedacinho seu dependeu do suor e garra dos pais, alunos e funcionários que um dia já passaram, passam e passarão por aqui. E é o fato de depender da integração de todos que a torna tão especial e com lugar garantido em nossa memória (e nosso coração) enquanto vivermos.
Por enquanto, só podemos então dizer: Obrigada por ter nos ensinado a viver e a ir atrás de nossos sonhos!...
De repente, o sinal toca e somos despertos de nossa viagem. Há quanto tempo estamos absorvidas pelas lembranças? Espero que não tenhamos perdido nada. Espera... o que é um polissacarídio, mesmo?... Ele já explicou isso?...
Beijos e desejos de muitos anos de vida,
de suas nostálgicas alunas,
Clarissa e Mariana.
Clarissa Biscainho e Mariana Taufie T. 1101